- Está em perigo? - perguntou Sebastião.
- Está - disse Julião. - Se sentisse os sinapismos, ao menos! Mas estas malditas febres cerebrais...
Calaram-se vendo Jorge entrar na alcova, com o rosto manchado, esguedelhado.
E Julião tomando-o pelo braço, levando-o para fora:
- Ouve lá, é necessário cortar-lhe o cabelo, e rapar-lhe a cabeça.
Jorge olhou-o com um ar estúpido:
- O cabelo? - E agarrando-lhe os braços: - Não, Julião, não, hem? Pode se fazer outra coisa. Tu deves saber. O cabelo não! Não! Isso não, pelo amor de Deus! Ela não está em perigo. Para quê?
Mas aquela massa de cabelo era o diabo, impedia a ação da água!
- Amanhã, se for necessário. Amanhã! Espera até amanhã... Obrigado, Julião, obrigado!
Julião consentiu, contrariado. Fazia então umedecer constantemente as compressas da cabeça, e como Mariana trémula, desjeitosa, molhava muito o travesseiro, foi Sebastião que se colocou à cabeceira da cama, toda a noite, espremendo sem cessar uma esponja, de onde a água gotejava lentamente; tinham jarros fora da varanda, na sala, para dar à água uma frialdade gelada. O delírio alta noite acalmara um pouco. Mas o seu olhar injetado tinha uma aspecto selvagem: as pupilas pareciam apenas um ponto negro.
Jorge, sentado aos pés da cama, com a cabeça entre as mãos, olhava para ela: lembravam-lhe vagamente outras noites de doença assim, quando ela tivera