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Capítulo 2: CAPÍTULO II

Página 43
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- Muito bem Sebastião! Gracias!

Ele sorriu, ergueu-se, fechou cuidadosamente o piano, e indo buscar o seu chapéu desabado:

- Então amanhã às sete? Cá estou, e vou-te acompanhar até ao Barreiro.

Bom Sebastião!

Foram debruçar-se na varanda para o ver sair. A noite fazia um silêncio alto, de uma melancolia plácida; o gás dos candeeiros parecia mortiço; a sombra que se recortava na rua, com uma nitidez brusca, tinha um tom quente e doce; a luz punha nas fachadas brancas claridades vivas, e nas pedras da calçada faiscações vidradas; uma clarabóia reluzia, a distância, como uma velha lâmina de prata; nada se movia; e instintivamente os olhos erguiam-se para as alturas, procuravam a lua branca, muito séria.

- Que linda noite!

A porta bateu, e Sebastião debaixo, na sombra:

- Dá vontade de passear, hem?

- Linda!

Ficaram à varanda preguiçosamente, olhando, detidos pela tranquilidade, pela luz. Puseram-se a falar baixo da jornada. Àquela hora onde estaria ele? Já em Évora num quarto de estalagem, passeando monotonamente sobre um chão de tijolo Mas voltaria breve; esperava fazer um bom negócio com o Paco, o espanhol das minas de Portel, trazer talvez alguns centos de mil réis, e teriam então a doçura do mês de setembro; poderiam fazer uma jornada ao Norte, irem ao Buçaco, trepar aos altos, beber a água fresca das rochas, sob a espessura úmida das folhagens; irem a Espinho, e pelas praias, sentar-se na areia, no bom ar cheio de azote vendo o mar unido, de um azul metálico e faiscante, o mar do verão, com algum fumo de paquete que passa para o Sul ao longe muito adelgaçado. Faziam outros planos com os ombros muito chegados; uma felicidade abundante enchia-os deliciosamente. E Jorge disse:

- Se houvesse um pequerrucho, já não ficavas tão só!

Ela suspirou.

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 43

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411