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Capítulo 3: CAPÍTULO III

Página 47
Como não podia sair à semana, metia-o em casa, pela porta de trás, quando estava só; estendia então na varanda, para dar sinal, o velho tapete desbotado, onde ainda se percebiam os paus de um veado.

Era uma rapariga muito forte, com peitos de ama, o cabelo como azeviche, todo lustroso do óleo de amêndoas doces. Tinha a testa curta de plebéia teimosa. E as sobrancelhas cerradas faziam-lhe parecer o olhar mais negro.

- Ai! - suspirou Juliana. - A Sra. Joana é que a leva!

A rapariga ficou escarlate.

Mas Juliana acudiu logo:

- Olha o mal! Fosse eu! Boa! Faz muito bem!

Juliana lisonjeava sempre a cozinheira; dependia dela; Joana dava-lhe caldinhos às horas de debilidade, ou, quando ela estava mais adoentada, fazia-lhe um bife às escondidas da senhora. Juliana tinha um grande medo de "cair em fraqueza", e a cada momento precisava tomar a "sustância". Decerto, como feia e solteirona detestava aquele "escândalo do carpinteiro"; mas protegia-o, porque ele valia muitos regalos aos seus fracos de gulosa.

- Fosse eu! - repetiu -, dava-lhe o melhor da panela! Se a gente ia a ter escrúpulos por causa dos amos, boa! Olha quem! Vêem uma pessoa a morrer, e é como se fosse um cão.

E com um risinho amargo:

- Diz que me não demorasse no médico. É como quem diz: "cura-te Ou espicha depressa!"

Foi buscar a vassoura a um canto, e com um suspiro agudo:

- Todas o mesmo, uma récua!

Desceu, começou a varrer o corredor. - Toda a noite estivera doente: o quarto no sótão, debaixo das telhas, muito abafado, com um cheiro de tijolo cozido, dava-lhe enjôos, faltas de ar, desde o começo do verão; na véspera até vomitara! E já levantada às seis horas, não descansara, limpando, engomando, despejando, com a pontada no lado e todo o estômago embrulhado! - Tinha escancarado a cancela, e com grandes ais, atirava vassouradas furiosas contra as grades do corrimão.

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 47

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411