O Primo Basílio - Cap. 4: CAPÍTULO IV Pág. 94 / 414

Luísa bem o sabia - Mas se necessitar alguma coisa, uma informação, uma apresentação nas regiões oficiais, licenças para visitar algum estabelecimento público, creia que me tem às suas ordens!

E conservando na sua mão a mão de Basílio:

- Rua do Ferregial de Cima, número três, terceiro. O modesto tugúrio de um eremita.

Tomou a curvar-se diante de Luísa:

- E quando escrever ao nosso viajante, que faço sinceros votos pela prosperidade dos seus empreendimentos. Por quem é! Criado de Vossa Excelência. E direito, grave, saiu.

- Este ao menos é limpo - resmungou Basílio, com o charuto ao canto da boca.

Sentara-se outra vez ao piano, corria os dedos pelo teclado. Luísa aproximou-se:

- Canta alguma coisa, Basílio!

Basílio pôs-se então a olhar muito para ela.

Luísa corou, sorriu; através da fazenda clara e transparente do vestido, entrevia-se a brancura macia e láctea do colo e dos braços; e nos seus olhos, na cor quente do rosto havia uma animação e como uma vitalidade amorosa.

Basílio disse-lhe, baixo:

- Estás hoje nos teus dias felizes, Luísa.

O olhar dele, tão ávido, perturbava-a; insistiu:

- Canta alguma coisa.

O seu seio arfava.

- Canta tu - murmurou Basílio.

E devagarinho, tomou-lhe a mão. As duas palmas um pouco úmidas, um pouco trémulas, uniram-se.

A campainha, fora, tocou. Luísa desprendeu a mão, bruscamente.

- É alguém - disse agitada.

Vozes baixas falavam à cancela.

Basílio teve um movimento de ombros contrariado; foi buscar o chapéu.

- Vais-te? - exclamou ela toda desconsolada.

- Pudera! Não posso estar só contigo um momento!

A cancela fechou-se com ruído. Não é ninguém, foi-se - disse Luísa.

Estavam de pé, no meio da sala.

- Não te vás! Basílio!

Os seus olhos profundos tinham uma suplicação doce.





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