O Conselheiro bateu as palmas.
- Uma voz admirável! - exclamava. - Uma voz admirável!
Basílio dizia-se envergonhado.
- Não, senhor, não, senhor! - protestou Acácio, levantando-se. - Um excelente órgão! Direi, o melhor órgão da nossa sociedade!
Basílio riu. Uma vez que tinha sucesso, então ia dizer-lhes uma modinha brasileira da Bahia. Sentou-se ao piano, e depois de ter preludiado uma melodia muito balançada, de um embalado tropical cantou:
- Sou negrinha, mas meu peito Sente mais que um peito branco.
E interrompendo-se:
- Isto fazia furor nas reuniões da Bahia quando eu parti.
Era a história de uma "negrinha" nascida na roça, e que contava, com lirismos de almanaque, a sua paixão por um feitor branco.
Basílio parodiava o tom sentimental de alguma menina baiana; e a sua voz tinha uma preciosidade cômica, quando dizia o ritornelo choroso:
- E a negra pra os mares Seus olhos alonga; No alto coqueiro Cantava a araponga.
O Conselheiro achou "delicioso"; e, de pé na sala, lamentou a propósito da cantiga a condição dos escravos. Que lhe afirmavam amigos do Brasil que os negros eram muito bem tratados. Mas enfim a civilização era a civilização! E a escravatura era um estigma! Tinha todavia muita confiança no imperador...
- Monarca de rara ilustração... - acrescentou respeitosamente.
Foi buscar o seu chapéu, e colando-lhe as abas ao peito, curvando-se, jurou que - havia muito tempo não tinha passado uma manhã tão completa. De resto nada havia como a boa conversação e a boa música...
- Onde está Vossa Excelência alojado, Sr. Brito?
Pelo amor de Deus! Que não se incomodasse! Estava no Hotel Central.
Não havia considerações que o impedissem de cumprir o seu dever - Cumpri-lo-ia! Ele era uma pessoa inútil, a senhora D.