Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: Capítulo 8

Página 200
Sabiam, por exemplo, os amigos, quando se devia bater? Quando elas não gostavam da gente, e se faziam ariscas. Então, sim. Então zás, tapona, que elas ficavam logo pelo beiço... Mas depois bons modos, delicadeza, tal qual como com francesas...

- Acredite você isto, Silveira. Olhe que eu tenho experiência. E o Sr. Maia que lhe diga se isto não é verdade, ele que tem também experiência e sabe viver com espanholas!

E isto foi dito com tanto calor, tanto respeito - que Cruges desatou a rir, fez rir Carlos também.

O Sr. Palma, um pouco chocado, compôs mais as lunetas, e olhou para eles:

- Os senhores riem-se? Imaginam que eu que estou a mangar? Olhem que eu comecei a lidar com espanholas aos quinze anos! Não, escusam de rir, que nisso ninguém me ganha! Lá o que se chama ter jeito para espanholas, cá o meco! E, vamos lá, que não é fácil! É necessário ter um certo talento!... Olhem, o Herculano é capaz de fazer belos artigos e estilo catita... Agora tragam-no cá para lidar com espanholas e veremos! Não dá meia...

Eusébiozinho no entanto fora duas vezes escutar à porta. Todo o hotel caíra num grande silêncio, a Lolita não voltava. Então Palma aconselhou um grande passo:

- Vá você lá dentro, Silveira, entre pelo quarto, e assim sem mais nem menos, chegue-se ao pé dela...

- E tapona? perguntou Cruges, muito seriamente, gozando o Palma.

- Qual tapona! Ajoelhe e peça perdão... Neste caso é pedir perdão... E como pretexto, Silveira, leve-lhe você mesmo o café.

Eusébiozinho, com um olhar ansioso e mudo, consultou os seus amigos. Mas o seu coração já decidira: e daí a um momento, com o pedaço de mantilha numa das mãos, a chávena de café na outra, enfiado e comovido, lá partia a passos lentos pelo corredor a pedir perdão à Concha.

E, logo atrás dele, Carlos e Cruges deixaram a sala, sem se despedirem do Sr. Palma - que de resto, indiferente também, já se acomodara à mesa a preparar regaladamente o seu grog.

Eram duas horas quando os dois amigos saíram enfim do hotel, a fazer esse passeio a Sitiais - que desde Lisboa tentava tanto o maestro.

<< Página Anterior

pág. 200 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 200

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605