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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 290
A ela coubera Minhoto, uma pileca melancólica do Manoel Godinho; e tinham feito sobre os dois cavalos uma aposta complicada de uvas e de amêndoas. Já umas poucas de vezes os seus lindos olhos garços tinham procurado os de Carlos; e agora tocava-lhe no braço com o leque, gracejava, triunfava...

- Ah, vous avez perdu, vous avez perdu! Mais c'est un vieux cheval de fiacre, vôtre Vladimir.

Como um cavalo de fiacre? Vladimiro era o melhor potro do Darque! Talvez ainda viesse a ser a única glória de Portugal, como outrora o Gladiador era a única glória da França! Talvez ainda substituísse Camões...

- Ah, vous plaisantez...

Não, Carlos não gracejava. Estava até pronto a apostar tudo por Vladimiro.

- Você aposta por Vladimiro? gritou Teles da Gama, voltando-se vivamente.

Carlos, por divertimento, sem mesmo saber por quê, declarou que tomava Vladimiro. Então, em roda, foi uma surpresa; e todo o mundo quis apostar, aproveitar-se daquela fantasia de homem rico, que sustentava um potro verde, de três quartos de sangue, a que o próprio Darque chamava pileca. Ele sorria, aceitava; terminou até por erguer a voz, proclamar Vladimiro contra o campo. E de todos os lados o chamavam, numa sofreguidão de saque.

- Mr. de Maia, dix tostons.

- Parfaitement, madame.

- Oh Maia, você quer meia libra?

- Às ordens.

- Maia, também eu! Ouça lá... Também eu!... dois mil réis.

- Ó Sr. Maia, eu vou dez tostões...

- Com o maior prazer, minha senhora...

Ao longe os cavalos davam a volta, na subida do terreno. Rabino já desaparecera, - e Vladimiro num galope a que se sentia o cansaço, corria só na pista. Uma voz elevou-se, dizendo que ele manquejava. Então Carlos, que continuava a tomar Vladimiro contra o campo, sentiu que lhe puxavam devagar pela manga; voltou-se; era o secretario de Steinbroken, chegando subtilmente a tomar também parte no saque à bolsa do Maia, propondo dois soberanos, em seu nome e em nome do seu chefe, como uma aposta colectiva da legação, a aposta do reino da Finlândia.

- C'est fait, monsieur! exclamou Carlos, rindo.

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pág. 290 (Capítulo 10)

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 290

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605