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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 305
O seu cabelo por traz, repuxado para o alto da cabeça, deixava uma penugem de ouro frisar-se delicadamente sobre a brancura láctea do pescoço. Entre aqueles móveis de reps, sob o tecto banal de estuque enxovalhado, toda a sua pessoa parecia a Carlos mais radiante, de uma beleza mais nobre, e quase inacessível; e pensava que nunca ali ousaria olhá-la tão francamente, com uma tão clara adoração, como quando a encontrava na rua.

- Que linda cadelinha V. Ex.ª tem, minha senhora disse ele, quando Maria Eduarda se tornou a sentar, e pondo já nestas palavras simples, ditas a sorrir, um acento de ternura.

Ela sorriu também com um lindo sorriso, que lhe fazia uma covinha no queixo, dava uma doçura mais mimosa às suas feições sérias. E alegremente, batendo as palmas, chamando para dentro do biombo:

- Niniche! estão-te a fazer elogios, vem agradecer!

Niniche apareceu a bocejar. Carlos achava lindo este nome de Niniche. E era curioso, tinha tido também uma galguinha italiana que se chamava Niniche...

Nesse instante a criada entrou - a rapariga magra e sardenta, de olhar petulante, que Carlos vira já no Hotel Central.

- Melanie vai-lhe ensinar o quarto de miss Sarah, disse Maria Eduarda. Eu não o acompanho, porque ela é tão tímida, tem tanto escrúpulo em incomodar, que diante de mim é capaz de negar tudo, dizer que não tem nada...

- Perfeitamente, perfeitamente, murmurava Carlos, sorrindo, num encanto de tudo.

E pareceu-lhe então que no olhar dela alguma coisa brilhara, fugira para ele, de mais vivo, de mais doce.

Com o seu chapéu na mão, pisando familiarmente aquele corredor íntimo, surpreendendo detalhes de vida domestica, Carlos sentia como a alegria de uma posse. Por uma porta meio aberta pôde entrever uma banheira, e ao lado dependurados grandes roupões turcos de banho. Adiante, sobre uma mesa, estavam alinhadas, e como desencaixotadas recentemente, garrafas de águas minerais de Saint-Galmier e de Vals. Ele deduzia logo destas coisas tão simples, tão banais, evidências de vida delicada.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 305

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605