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Capítulo 17: Capítulo 17

Página 551
Porque ficaria pois a existência de Carlos para sempre estragada? A inconsciência impediu-lhe o remorso: e passado o primeiro horror, de que lhe podia, na realidade, vir a definitiva dor? Somente do prazer ter findado. Era então como outro qualquer desgosto de amor. Bem menos atroz do que se Maria o tivesse traído com o Dâmaso!

De repente a porta abriu-se, Carlos apareceu exclamando:

- Então que madrugada foi esta? Disse-me agora lá em baixo o Baptista... É aventura? duelo?

Trazia o paletó todo abotoado, com a gola erguida, escondendo ainda a gravata branca da véspera; e decerto chegara da rua de S. Francisco na tipoia que havia instantes Ega sentira parar na calçada.

Ele sentara-se bruscamente na cama; e estendendo a mão para os cigarros, sobre a mesa ao lado, murmurou, bocejando, que na véspera combinara uma ida a Sintra com o Taveira... Por precaução mandara-se chamar... Mas não sabia, acordara cansado...

- Que tal está o dia?

Justamente Carlos fora correr o transparente da janela. Aí, na mesa de trabalho, colocada em plena luz, ficara a caixa da Monforte embrulhada no Rapel. E Ega pensou num relance: - «Se ele repara, se pergunta, digo tudo!» - O seu pobre coração pôs-se a bater ansiosamente no terror daquela decisão. Mas o transparente um pouco perro subiu, uma facha de sol banhou a mesa - e Carlos voltou sem reparar no cofre. Foi um imenso alivio para o Ega.

- Então, Sintra? disse Carlos, sentando-se aos pés da cama. Com efeito não é má ideia... A Maria ainda ontem esteve também a falar de ir a Sintra... Espera! Podíamos fazer a patuscada juntos... Íamos no break, a quatro!

E olhava já o relógio, calculando o tempo para atrelar, avisar Maria.

- O pior, acudiu o Ega atrapalhado, tomando de sobre a mesa o monóculo, é que o Taveira falou em irmos com umas raparigas...

Carlos encolheu os ombros com horror. Que sordidez, ir com mulheres para Sintra, de dia!... De noite, nas trevas, por bebedeira, vá... Mas à luz do Senhor! Talvez com a Lola gorda, hein?...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 551

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605