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Capítulo 17: Capítulo 17

Página 602
E ia então repetindo a si mesmo rodas as consolações que se poderiam dar a Maria Eduarda: era nova e formosa; o seu pecado fora inconsciente; o tempo acalma toda a dor; e em breve, já resignada, encontrar-se-ia com uma família séria, uma larga fortuna, nesse amável Paris, onde uns lindos olhos, com algumas notas de mil francos, têm sempre um reinado seguro...

- É uma situação de viúva bonita e rica, terminou ele por dizer alto no coupé. há pior na vida.

Ao sair do telégrafo despediu a tipóia. Por aquela luz consoladora do dia de inverno, recolheu a pé para o Ramalhete, a escrever a longa carta que prometera a Carlos. Vilaça já lá estava instalado, com um boné de veludilho na cabeça, amassando ainda os papéis de Afonso, liquidando as contas dos criados. Jantaram tarde. E fumaram junto do lume, na sala Luiz XV, quando o escudeiro veio dizer que uma senhora, em baixo, numa carruagem, procurava o Sr. Ega. Foi um terror. Imaginaram logo Maria, alguma resolução

desesperada. Vilaça ainda teve a esperança dela trazer alguma nova revelação, que tudo mudasse, salvasse da «bolada»... Ega desceu a tremer. Era Melanie numa tipoia de praça, abafada numa grande ulster com uma carta de Madame.

À luz da lanterna Ega abriu o envelope, que trazia apenas um cartão branco, com estas palavras a lápis: «Decidi partir amanhã para Paris.»

Ega recalcou a curiosidade de saber como estava a senhora. Galgou logo as escadas: e seguido de Vilaça, que ficara na antecâmara à espreita, correu ao escritório de Afonso, a escrever a Maria. Num papel tarjado de luto dizia-lhe (além de detalhes sobre bagagens)- que o wagon-salão estava tomado até Paris, e que ele teria a honra de a ver em Santa Apolónia. Depois, ao fazer o sobrescrito, ficou com a pena no ar, num embaraço. Devia pôr «Madame Mac-Gren» ou «D. Maria Eduarda da Maia?» Vilaça achava preferível o antigo nome, porque ela legalmente ainda não era Maia. Mas, dizia o Ega atrapalhado, também já não era Mac-Gren...

-Acabou-se! vai sem nome. Imagina-se que foi esquecimento...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 602

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605