Mais tarde disse-me que tentara por três vezes falar comigo, que tentara toda a gente que pudesse estar em Nova Iorque - homens e raparigas com quem não estava havia anos, um modelo de artista dos seus tempos da universidade, cujo número de telefone estava ainda na sua agenda, meio apagado - a Companhia informou de que nem a central telefónica já existia. Por fim, a sua busca enveredou para o campo e manteve várias conversas desanimadoras com mordomos e criadas enfáticas. Fulano estava fora para andar a cavalo, para nadar, para jogar golfe, partira de barco para a Europa na semana anterior. Quem digo que telefonou?
Era intolerável passar a noite sozinho; os planos de privacidade que se fazem para um momento de ócio perdem todo o encanto quando a solidão é forçada. Havia sempre as mulheres de certo género, mas as que conhecia tinham desaparecido temporariamente e passar uma noite em Nova Iorque com a companhia alugada de uma estranha nunca lhe ocorreu; teria considerado isso algo de vergonhoso e secreto, distracção de um caixeiro-viajante numa cidade estranha.
Anson pagou a conta do telefone - a empregada tentou sem sucesso gracejar com ele por causa do seu montante - e pela segunda vez nessa tarde saiu do Plaza e caminhou sem saber para onde. Perto da porta giratória, a figura de uma mulher obviamente grávida estava no contra-luz com uma simples capa bege flutuando nos ombros, quando a porta girava e, de cada vez, olhava impaciente para ela como se estivesse farta de esperar. Mal a viu um forte estremecimento nervoso de familiaridade o percorreu, mas só quando estava a um metro e meio dela se apercebeu de que era Paula.