Tenho três filhos, do primeiro casamento. O mais velho tem cinco anos, outro quatro e o outro três. - Sorriu de novo: - Não perdi muito tempo, pois não?
- Rapazes?
- Um rapaz e duas raparigas; depois, olha, aconteceram muitas coisas: divorciei-me em Paris e casei com Pete há um ano. E é tudo, excepto que sou imensamente feliz.
Em Rye dirigiram-se para uma grande casa perto do Beach Club, da qual saíam três crianças morenas e esguias, que largaram uma governanta inglesa e se aproximaram deles numa gritaria esotérica. Abstractamente e com dificuldade Paula abraçou cada um numa carícia que eles aceitaram empertigados porque, evidentemente, lhes tinham recomendado que não se atirassem contra a Mamã. Mesmo junto das suas faces frescas, a pele de Paula não mostrava cansaço; com todo o seu langor físico parecia mais nova do que quando a vira pela última vez em Palm Beach, dez anos antes.
Ao jantar ela estava preocupada e, depois, enquanto prestavam a sua homenagem à rádio, deitou-se no sofá de olhos fechados até Anson perguntar a si mesmo se a sua presença àquela hora não seria uma intromissão. Mas às nove horas, quando Hagerty se levantou e disse gracejando que ia deixá-los entregues a si próprios por uns minutos, ela começou a falar lentamente sobre si própria e sobre o passado.
- O meu primeiro bebé - disse ela - aquele a que chamamos «Queridinha», a menina mais velha, desejei morrer quando soube que ia nascer, porque o Lowell era para mim como um estranho. Não me parecia que pudesse ser minha. Escrevi-te uma carta e rasguei-a. Foste tão mau para mim, Anson.
Era de novo o diálogo, subindo e descendo. Anson sentiu um súbito reavivar de memória.
- Não estiveste noivo uma vez? - perguntou ela
- De uma rapariga chamada Dolly qualquer coisa.
