Ajoelhou-se no banco ao lado do pai. Começou a Missa. Rudolph pôs-se de pé - quando estava sozinho afundava o traseiro no assento - e saboreava a sensação de uma vingança subtil. A seu lado o pai rezava pedindo a Deus que perdoasse Rudolph, e pedindo-lhe também perdão para a sua própria explosão de cólera. Olhou de lado para o filho; ficou aliviado por ver que o ar feroz desaparecera do seu rosto e que tinha deixado de soluçar. A Graça de Deus, inerente ao Sacramento, faria o resto, e talvez depois da Missa as coisas se compusessem. No fundo do coração estava orgulhoso de Rudolph e começava a arrepender-se na verdade e formalmente do que tinha feito.
No geral, a apresentação da caixa das esmolas era para Rudolph o ponto significativo do serviço religioso. Se, como acontecia muitas vezes, não tinha dinheiro para dar, ficava tremendamente envergonhado, curvava a cabeça e fingia não ver a caixa, para que Jeanne Brady, no banco atrás, não reparasse e suspeitasse de que eram uma família muito pobre. Mas naquele dia olhou friamente para a caixa quando lhe passava por baixo dos olhos, notando com um interesse momentâneo a quantidade de moedas de pouco valor que continha.
Quanto tocou a campainha para a comunhão, porém, ele estremeceu. Não havia razão para que Deus não lhe fizesse parar o coração. Durante as últimas doze horas cometera uma série de pecados mortais, cada um mais grave do que o anterior, e ia agora coroá-los com um sacrilégio blasfemo.
«Domine, non sum dignus; ut intres sub tectum meum; sed tantum dic verbo, et sanabitur anima mea...»
Houve um barulho nos bancos e os comungantes abriram caminho para a 'nave lateral, de olhos baixos e mãos postas. Os mais piedosos comprimiam as cabeças dos dedos para configurar um campanário.
