Passados dez minutos começaram a ficar inquietos.
- Vou ver o que há aqui fora - disse Rose encaminhando-se cautelosamente para a outra porta.
Era uma porta oscilante com repes verde, que ele abriu a medo uns centímetros.
- Vês alguma coisa?
Como resposta Rose susteve a respiração. - Está calado! Acho que aqui há bebidas.
- Bebidas?
Key juntou-se a Rose e olhou ansiosamente.
- Garanto que são bebidas - disse depois de olhar com atenção por uns momentos.
Era um compartimento do dobro do tamanho daquele onde se encontravam - e nele estava preparado um radioso festival de bebidas. Havia filas compridas de garrafas ao longo de duas mesas com toalhas brancas: whisky, gin, aguardente, vermutes franceses e italianos, e sumo de laranja, para já não falar numa série de sifões e de poncheiras vazias. O compartimento estava deserto.
- É para aquele baile que vai começar - sussurrou Key; - estás a ouvir os violinos? Eh, pá! não me ralava nada de dar um pé de dança.
Cerraram a porta suavemente e trocaram olhares de mútua compreensão. Não era preciso fazer perguntas.
- Bem gostava de deitar a mão a umas daquelas garrafas - disse Rose enfaticamente. - Eu também.
- Achas que nos viam?
Key reflectiu.
- Talvez seja melhor esperarmos até começarem a beber. Agora estão todas à vista e sabem quantas são.
Discutiram este pormenor durante alguns minutos. Rose preferia tirar agora uma garrafa e metê-la debaixo do casaco antes que alguém entrasse. Key, porém, optava pela cautela. Tinha receio de meter o irmão em trabalhos. Se esperassem até algumas garrafas estarem abertas já não fazia mal tirar uma e todos pensariam que tinha sido um dos tipos da universidade.
Enquanto estavam ainda argumentando, George Key entrou apressado no compartimento e, mal lhes falando, desapareceu pela porta de repes verde.