Um minuto depois ouviram o barulho de várias rolhas a saltar e depois o som de gelo partindo-se e de líquido a gorgolejar , George estava misturando o ponche.
Os soldados trocaram sorrisos deliciados. - Eh, pá! - cochichou Rose.
George reapareceu.
- Abaixem-se, rapazes - disse rapidamente. - Já vos trago a vossa dose dentro de cinco minutos.
Desapareceu pela porta por onde entrara.
Logo que se ouviram os passos pelas escadas abaixo, Rose, depois de uma olhadela cautelosa, meteu-se na sala das delícias e reapareceu com uma garrafa na mão.
- Ora aqui está o que eu quis dizer - disse enquanto se sentavam radiantes, digerindo a sua primeira bebida.
- Vamos esperar que ele suba e perguntamos-lhe se não pode ficar aqui um bocadinho a beber o que nos traz - estás a ver? Depois podemos esgueirar-nos para ali sempre que lá não houver ninguém e metemos uma garrafa debaixo dos casacos. Ficamos com o bastante para uns dois dias - estás a ver?
- Está claro! - concordou Rose entusiasmado.
- Eh, pá! E se quisermos podemos vender aos soldados em qualquer altura que nos apeteça.
Ficaram calados por um momento pensando neste sonho cor-de-rosa. Então Key levantou-se e desapertou a gola da farda.
- Está aqui calor, não está? Rose apressou-se a concordar. - Um calor danado.
IV
Estava ainda muito irritada quando saiu do toucador e atravessou a sala que dava para o vestíbulo irritada não tanto pelo caso em si que era, afinal, o mais banal dos lugares-comuns da sua existência social, mas porque acontecera justamente naquela noite. Não tinha de que se reprovar. Tinha agido com aquela combinação correcta de dignidade e discreta piedade que sempre usava. Sucinta e habilmente tinha-o posto no seu lugar.