A Década Perdida - Cap. 1: O PRIMEIRO DE MAIO Pág. 26 / 182

Apareça um dia destes.

- Pode ter a certeza - assegurou ele. - Apareço mesmo. Vou tomar chá consigo. - Falo a sério. Apareça.

Um homem moreno muito formal interrompeu-os. - Não se lembra de mim, pois não? - disse muito solene.

- Acho que sim. Chama-se Harlan.

- Não se lembra mesmo. Sou o Barlow.

- Bem, pelo menos sabia que eram duas sílabas.

Foi você que tocou tão bem guitarra havaiana na festa em casa do Howard Marshall.

- Toquei, mas não...

Um homem com dentes salientes interrompeu-os.

Edith respirou uma ténue nuvem de whisky. Gostava dos homens que bebiam um pouco; eram muito mais divertidos, atenciosos e lisonjeiros - era muito mais fácil conversar com eles.

- Chamo-me Philip Dean - disse alegremente.

- Não se lembra de mim, bem sei; -você costumava ir a New Haven com um tipo que era meu companheiro de quarto no último ano, o Gordon Sterrett.

Edith olhou rapidamente para cima.

- Bem sei, saí com ele duas vezes: ao Pump and Slipper e ao baile dos caloiros.

- Com certeza que já o viu - disse Dean descuidadamente. - Está cá esta noite. Vi-o há um minuto.

Edith estremeceu. E no entanto tivera sempre a certeza de que ele lá estaria.

- Não, não vi.

Interrompeu-os um homem gordo com cabelos ruivos.

- Olá, Edith - começou.

- Olá. Como está?

Ele escorregou e desequilibrou-se um pouco. - Desculpe - disse mecanicamente.

Tinha visto Gordon - Gordon muito pálido e apático, encostado à ombreira de uma porta, fumando e mirando o salão de baile. Edith podia ver que ele tinha o rosto magro e abatido - e que a mão que erguia para levar o cigarro à boca tremia. Nesse momento dançavam muito perto dele.

- ...convidam tantos tipos a mais que... - ia dizendo o homem baixo.

- Olá, Gordon - chamou Edith por sobre o ombro do seu par.





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