O coração batia-lhe loucamente.
Os enormes olhos escuros de Gordon estavam fixos nela. Caminhou para ela. O homem baixo fê-la dar uma volta, afastando-a - e ela ouviu-lhe a voz grasnando:
-... mas metade dos desemparceirados embebedam-se e vão-se embora rapidamente, por isso...
E então, junto dela, uma voz grave: - Por favor, dá licença?
De repente viu-se a dançar com Gordon. Um dos seus braços cingiu-a; sentia-o apertá-la convulsivamente; sentia-lhe a mão nas costas com os dedos separados. A sua própria mão, amachucando o lencinho de renda, estava esmagada na dele.
- Oh, Gordon - começou ela a dizer, quase sem respiração.
- Olá, Edith.
Ela voltou a escorregar, e ao endireitar-se foi impelida para a frente até a face tocar no tecido preto do smoking dele. Amava-o - sabia que o amava e então, por um momento, fez-se silêncio, enquanto uma estranha sensação de embaraço a invadia. Algo estava errado.
De repente o coração dela deu um salto e aquietou-se quando compreendeu o que era. Ele parecia desamparado e infeliz, um pouco embriagado e terrivelmente cansado.
- Oh! - exclamou ela, sem querer.
Os olhos dele voltaram-se para baixo, sobre ela; e ela viu que estavam raiados de sangue e vagueavam descontrolados.
- Gordon - murmurou ela -, vamos sentar-nos, quero sentar-me.
Estavam quase a meio da sala, mas ela tinha visto dois homens virem na sua direcção de lados opostos do salão, por isso parou, agarrou a mão inerte de Gordon e conduziu-o por entre os encontrões da multidão, com a boca cerrada, as faces um pouco pálidas sob a maquilhagem e os olhos embaciados de lágrimas.
Encontrou um lugar no cimo das escadas a1catifadas, e ele sentou-se pesadamente a seu lado.
- Bom - começou a dizer fixando-a inseguro estou feliz por te ver, Edith.