No meio do segundo ano que passou na escola, puseram na sua classe um rapaz sossegado e bonito chamado Percy Washington. O recém-chegado era simpático à sua maneira e extremamente bem vestido, mesmo para St Midas's, mas, fosse pelo que fosse, mantinha-se à parte dos outros rapazes. A única pessoa com quem adquirira intimidade fora com John T. Unger mas, mesmo para John, não contava absolutamente nada acerca da família ou da casa. Nem precisava de dizer que era rico mas, para além de algumas deduções do género, John pouco sabia do amigo; por isso o convite de Percy para ir passar o Verão em sua casa, «na costa oeste», prometia dar plena satisfação à sua curiosidade. Aceitou sem hesitar.
Foi só quando já estava no comboio que Percy se tornou pela primeira vez mais comunicativo. Um dia, enquanto almoçava na carruagem-restaurante e discutiam os caracteres defeituosos de vários rapazes da escola, Percy mudou subitamente de tom e fez uma observação inesperada.
- O meu pai - disse ele - é de longe o homem mais rico do mundo.
- Ah! - disse John delicadamente. Não conseguia imaginar a resposta a dar a esta confidência. Lembrou-se de «ainda bem», mas soava-lhe a falso; esteve quase a dizer «Ah sim?», mas coibiu-se porque parecia estar a duvidar da afirmação de Percy. E uma afirmação tão espantosa não podia ser posta em dúvida.
- De longe o mais rico - repetiu Percy.
- Li no World Almanack - começou John - que há na América um homem com um rendimento de mais de cinco milhões por ano e quatro homens com rendimentos de mais de três milhões por ano, e .