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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 180

Enquanto estavam ainda nas escadas, os dois homens tentaram segurar K. pelos braços, mas este disse-lhes: «Esperem até chegarmos à rua, pois não sou nenhum inválido.» No entanto, justamente quando se encontravam já à saída da porta, uniram-se a ele de uma maneira que nunca experimentara antes. Mantinham os seus ombros bem junto aos dele e, em vez de dobrarem os cotovelos, enlaçavam os braços à volta dos seus, a todo o comprimento, segurando-lhe as mãos num aperto irresistível, profissional, metódico. K. caminhava rigidamente entre eles, todos três interligados numa unidade que atiraria todos conjuntamente abaixo se um deles fosse derrubado. Era uma massa tal que dificilmente podia ser formada a não ser por matéria inerte.

Sob a luz dos candeeiros, K. esforçou-se uma ou outra vez, embora fosse difícil em virtude de os três se deslocarem muito comprimidos uns contra os outros, por observar os seus companheiros melhor do que lhe tinha sido possível na penumbra do seu quarto. Talvez sejam tenores, pensou ele à medida que estudava os seus flácidos duplos queixas. Sentiu repulsa pela limpeza excessiva daqueles rostos. Facilmente se verificava que a mão que procedera à limpeza tinha estado bastante activa a lavar os cantos dos olhos e a esfregar o lábio superior, assim como as pregas do queixo.

Quando tal ocorreu a K., este parou e, consequentemente, os outros pararam também; encontravam-se na periferia de uma praça deserta e ampla, adornada com canteiros de flores. «Por que vos enviaram precisamente a vocês», disse ele; era mais um grito do que uma pergunta. Os cavalheiros, como era óbvio, não tinham resposta a dar, deixando-se ficar à espera, com os braços livres caídos, como vigilantes de enfermaria esperando enquanto o seu doente descansa. «Não irei mais para diante», disse K. para os experimentar. Não foi necessária qualquer resposta, pois foi suficiente para que os dois homens não aliviassem o seu aperto e tentassem arrastar K. do lugar; contudo, ele resistiu-lhes. Não necessitarei da minha resistência por muito mais tempo, gastarei toda a que tenho, pensou ele. Veio-lhe então à mente a lembrança de moscas tentando fugir de uma tira de papel caça-moscas até as suas pequenas pernas serem arrancadas. Os cavalheiros não hão-de achar a tarefa fácil

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 180

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179