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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 89

O advogado, depois de o ter humilhado bastante, punha-se normalmente a estimulá-lo de novo. Conforme descrição dele, já tinha ganho muitas causas, quer completa quer parcialmente. Causas que, embora, na realidade, não fossem talvez tão difíceis como esta, tinham sido aparentemente mais desesperadas. Tinha uma lista desses processos numa das gavetas da sua secretária — ao dizer isto, mexeu num deles —, mas lamentava não poder mostrar-lha, visto ser um assunto que envolvia segredo profissional. Todavia, a larga experiência colhida através de todos estes casos sã redundaria em beneficio de K. Não havia dúvida de que ele tinha começado imediatamente com o processo de K. e que a primeira petição estava quase pronta para ser apresentada. Esta era muito importante, dado que da primeira impressão causada pela defesa dependia frequentemente o andamento de todo o processo. Todavia, infelizmente, tinha de avisar K. de que algumas vezes as primeiras petições não eram de maneira nenhuma lidas pelo tribunal. Ficavam simplesmente arquivadas entre outros papéis e chamava-se a atenção para o facto de, por enquanto, o estudo e os interrogatórios ao acusado serem mais importantes do que qualquer petição formal. Se o requerente os pressionasse, eles geralmente acrescentavam que, antes de o veredicto ser pronunciado, todo o material acumulado incluindo, é claro, todo e qualquer documento relativo ao processo, e ate mesmo a primeira petição, seriam pormenorizadamente examinados. Infelizmente, mesmo isto não era verdade na maioria dos casos, pois acontecia a primeira petição perder-se com frequência e, ainda que ela se conservasse intacta até ao fim, mal a liam; segundo admitiu o advogado, isto não passava de rumores. Era tudo muito lamentável, mas não completamente desprovido de justificação. K. devia lembrar-se de que os processos não eram públicos; certamente que podiam, se o tribunal visse necessidade disso, torná-los públicos, mas a justiça não prescrevia essa obrigatoriedade. Naturalmente, por conseguinte, o réu e o seu advogado não tinham acesso aos documentos do processo, nem tão-pouco à exposição difamatória, não se sabendo, consequentemente, em termos gerais ou, pelo menos, com alguma precisão, que difamação continha a primeira petição; em conformidade, só por pura casualidade se veria nela alguma coisa útil para o processo. Só mais tarde se poderiam emitir petições verdadeiramente eficazes e convincentes, quando separadas as acusações e a evidência em que foram baseadas surgisse mais definitiva ou pudesse ser deduzida a partir dos interrogatórios.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 89

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179