Crepúsculo dos Ídolos - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 61 / 106

Os homens mais potentes sempre inspiraram os arquitetos; o arquiteto esteve frequentemente sob a sugestão da potência. Na edificação, o orgulho, a vitória sobre o peso, a vontade de potência devem se tornar visíveis; a arquitetura é uma espécie de eloquência da potência através das formas; ora convincente, mesmo lisonjeadora, ora meramente ordenadora. O sentimento mais elevado da potência e da segurança vem à expressão em meio ao que possui grande estilo. A potência que não precisa mais de nenhuma prova; que desdenha do agrado; que responde dificilmente; que não sente nenhuma testemunha em torno de si; que vive sem consciência de que há uma contradição em relação a ela; que repousa em si, fatalisticamente, uma lei sob leis: isto fala de si com grande estilo. –

12.

Eu li a vida de Thomas Carlyle, esta farsa que se produz a despeito do saber e da vontade, esta interpretação heróico-moral dos estados dispépticos. - Carlyle, um homem de palavras e atitudes fortes, um retórico por necessidade, que é constantemente agastado pela exigência de uma forte crença e pelo sentimento da incapacidade para tanto (- nisto ele é um típico romântico!). A exigência de uma forte crença não é a prova de uma forte crença, muito mais o contrário. Se a possuímos, então nos é permitido conceder-nos o belo luxo do ceticismo: estamos seguros o suficiente, prontos o suficiente, comprometidos o suficiente para tanto. Carlyle faz com que algo adormeça em si através do fortíssimo de sua veneração por homens de crenças fortes e através de sua ira contra os menos unidimensionais: ele carece de barulho. Uma constante deslealdade frente a si mesmo - este é o seu proprium, com isto ele é e permanece interessante. É verdade que ele é admirado na Inglaterra exatamente por causa de sua deslealdade...





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