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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 61
Foi nesse momento que Paddy Donovan, subcomandante naquela empreitada e que fora mandado voltar à nossa linha para saber quais as ordens, galgou o parapeito da frente.

- Ei! Saiam dai! Todos devem retirar-se imediatamente!

- O quê?

- Retirar! Sair daqui!

- Por quê?

- Ordens. De volta às nossas linhas, e bem depressa.

Já havia companheiros subindo o parapeito da frente, diversos deles lutando com uma pesada caixa de munição. Lembrei-me do telescópio que ficara encostado ao parapeito no outro lado da posição, mas nesse momento vi que os quatro Guardas de Assalto, suponho que em conformidade com alguma ordem misteriosa recebida anteriormente por eles, começavam a correr pela trincheira de comunicações. Isso ia dar para a outra posição fascista e - se chegassem lá - à morte certa. Estavam sumindo na escuridão, e corri atrás deles, enquanto procurava a palavra em espanhol para "retirar", e finalmente consegui gritar "Atrás! Atrás!" o que talvez fizesse entender. O espanhol compreendeu e trouxe os outros de volta. Paddy aguardava no parapeito.

- Venham, depressa!

- Mas, o telescópio!

- F... . o telescópio! Benjamin está esperando lá fora.

Subimos o parapeito e saímos da posição. Paddy segurou o arame farpado para eu passar, e assim que nos afastamos do abrigo proporcionado pelo parapeito fascista encontramo-nos debaixo de um fogo infernal que parecia vir de todas as direções. Não duvido de que parte dele viesse de nosso próprio lado, pois todos estavam abrindo fogo na linha de frente. Para qualquer lado que nos voltássemos, éramos brindados com nova torrente de balas, e assim fomos tangidos para lá e para cá na escuridão, como um rebanho de ovelhas. O fato de estarmos carregando uma caixa de munição capturada ao inimigo - uma daquelas que contêm 1.750 tiros e pesam cerca de 45 quilogramas - e mais uma caixa de bombas e diversos fuzis fascistas não facilitava, absolutamente, a coisa. Em alguns minutos, embora a distância de parapeito a outro não fosse superior a duzentos metros e a maioria conhecesse o terreno, estávamos inteiramente perdidos. Encontrávamo-nos a patinar num campo enlameado, sem saber de outra coisa que não a dura realidade das balas vindas de ambos os lados. Não havia lua para nos orientar, mas o céu tornava-se um pouco mais claro. Nossas linhas ficavam a leste de Huesca, e eu queria ficar onde estávamos até a primeira claridade da aurora mostrar para onde estavam leste e oeste, mas os outros se opunham a isso. Continuamos a chapinhar para a frente, mudando de direção diversas vezes e fazendo turnos na caixa de munição.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 61

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173