Representavam uma espécie de homens nova para Buck (da qual estava destinado a conhecer muitos mais) e, embora não alimentasse por eles qualquer afeição, acabou contudo por sinceramente os respeitar. Depressa compreendeu que Perrault e François eram homens honestos, calmos e imparciais na administração da justiça, além de demasiado conhecedores do comportamento dos cães para alguma vez serem enganados por estes.
Entre as duas cobertas do Narwhal, Buck e Curly foram para junto de dois outros cães. Um deles, um cão enorme e da brancura da neve, fora trazido de Sptizbergen por um capitão da pesca à baleia e mais tarde acompanhara uma expedição geológica às Barrens. Mostrava-se amável, mas de um modo traiçoeiro, pois enquanto sorria para um, era capaz de, pelas costas, estar a preparar-lhe um truque feio, como, por exemplo, quando na primeira refeição a bordo roubou a comida de Buck. Porém, no mesmo instante em que este saltou para o castigar, a ponta do chicote de François antecipou-se-lhe e, assobiando pelos ares, foi atingir o culpado, pelo que Buck não fez mais do que recuperar o seu osso. Bonito gesto o de François, concluiu Buck, e desde então o mestiço começou a subir na sua consideração.
O outro cão não fazia aproximações, nem as acolhia; mas também não tentava roubar os recém-chegados. Era um bicho sombrio e moroso, que deu a entender claramente a Curly que o que desejava acima de tudo era que o deixassem em paz e, mais, que haveria sarilho se o não deixassem em paz. Dava pelo nome de Dave e limitava-se a comer, dormir e bocejar nos intervalos, não se interessando por coisa nenhuma, nem mesmo quando, ao atravessarem o arquipélago da Rainha Carlota, o Narwhal balançou, mergulhou e se empinou como que possesso. Quando Buck e Curly, loucos de pavor, se tornaram deveras excitados, ele ergueu a cabeça, incomodado, obsequiou-os com um relancear de olhos distraído, bocejou e pôs-se de novo a dormir.
