Trinta dias após ter deixado Dawson, a mala postal de Sal Water, com Buck e os companheiros à cabeça, entrava em Skaguay Vinham num estado lastimoso, esgotados e derreados. Os sessenta e cinco quilos de peso de Buck tinham diminuído para cinquenta e três. Os companheiros, embora de menor estatura, haviam perdido relativamente mais peso do que ele. Pike, o ranhoso, que levava a vida a fingir e mais de uma vez simulara com êxito uma perna partida, coxeava agora a valer. Sol-leks também coxeava e Dub tinha uma omoplata deslocada.
Tinham todos as paras traseiras terrivelmente doridas. Vazios de toda a energia, as paras calam pesadamente sobre os trilhos, fazendo vibrar os seus corpos e duplicando a fadiga de um dia de viagem. Nada havia de especial neles, a não ser um cansaço mortal. Não se tratava aqui da exaustação que resulta de um esforço breve e excessivo, da qual se recupera numas tantas horas, mas de uma exaustação que advém do escoamento lento e prolongado das forças ao longo de meses de árduo trabalho. Eles não possuíam qualquer poder de recuperação, nem reservas de forcas a que recorrer. Tinham gasto tudo, até à última. Todos os músculos, fibras e células estavam cansados, mortalmente cansados. E havia razão para isso. Em menos de cinco meses tinham viajado duas mil e quinhentas milhas, das quais nas ultimas mil e oitocentos apenas tiveram cinco dias de descanso Quando entraram em Skaguay, mal se tinham nas pernas. Era com custo que conservavam os tirantes esticados e nos declive! por pouco não eram apanhados pelo trenó.
— Vamos, pobres paras encorajava o condutor quando, num passo incerto, desciam a rua principal de Skaguay. — Estamos já no fim. Depois vamos todos descansar. Hem? Um descanse grande como tudo.
Os condutores, confiadamente, esperavam repousar o seu bocado. Eles próprios tinham, à sua conta, coberto mil e duzentas milhas com dois dias apenas de descanso e, com toda a razão e segundo a justiça mais elementar, mereciam agora uns boné dias de folga.