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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 48

O condutor deteve-se um momento, pedindo lume ao homem de trás e acendendo o cachimbo. Quando voltou, deu ordem de marcha aos cães. Estes arrancaram e avançaram alguns metros na pista sem qualquer espécie de esforço, voltaram as cabeças, inquietos, e detiveram-se, muito surpreendidos. Também o condutor estava surpreendido, pois o trenó não se moverá. Chamou, então, os companheiros para apreciarem o espectáculo. Dave roera ambos os tirantes de Sol-leks e encontrava-se agora na frente do trenó, no lugar que lhe era próprio.

Com os olhos, implorava que o deixassem conservar o seu lugar. O condutor estava perplexo. Os companheiros discutiam como era possível a um cão morrer de desgosto por lhe ser negado o trabalho que o matava e lembravam casos conhecidos de cães que, velhos de mais para trabalharem ou estropiados, tinham sucumbido ao serem afastados dos tirantes. E, visto que Dave, de qualquer modo, ia morrer, achavam ser um acto de misericórdia deixá-lo morrer aos tirantes, de animo leve e contente. Colocaram-lhe, portanto, o arreio de novo em cima; cheio de orgulho, ele meteu-se a puxar como outrora, não sem conter, porém, um grito ou outro provocado pelas mordidelas interiores. Várias vezes caiu e foi arrastado pelos tirantes, e, numa das vezes, o trenó passou-lhe por cima, pondo-o a coxear de uma das paras.

Conseguiu, no entanto, aguentar-se até ao acampamento, onde o condutor lhe preparou um resguardo perto da fogueira A manhã veio encontrá-lo demasiado fraco para a viagem. Na hora de atrelar, tentou ir de rastos até ao condutor. Num esforço convulsivo, pós-se de pé, cambaleou e caiu. Meteu-se então a rastejar vagarosamente na direcção dos companheiros que estavam a ser atrelados. Atirava as mãos para a frente e, com um sacão arrastava o corpo, de novo avançava com as mãos e rastejava mais uns centímetros, até que as forças o abandonaram, e, quando os companheiros o viram pela última vez, Azia na neve, a olhá-los com ansiedade. Continuaram, porém, a ouvi-lo uivar melancolicamente, até desaparecerem de vista por detrás de um maciço de arvores junto ao rio.

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Capa do livro O apelo da floresta
Páginas: 99
Página atual: 48

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 6 67
Capítulo 7 82
Capítulo 1 1
Capítulo 2 13
Capítulo 3 23
Capítulo 4 39
Capítulo 5 50