Porém, eram tantos os homens que se tinham precipitado para Klondike e tantas as noivas, as esposas e os parentes que os não tinham seguido, que o correio, congestionado estava a atingir proporções descomunais; havia, além disso, O! documentos oficiais. Mudas frescas de cães da bala de Hudsor tomariam o lugar dos que estivessem incapazes para o caminho Tinham de se desembaraçar dos inutilizados e, como os coei pouco valiam contra dólares, havia que vendê-los.
Três dias se passaram, ao fim dos quais Buck e os companheiros compreenderam, de facto, a que ponto estavam cansado e enfraquecidos. Na manhã do quarto dia apareceram, então dois americanos, que os compraram, com arreios e tudo, por tuta-e-meia. Os homens tratavam-se entre si por Hal e Chan les. Charles era homem de meia-idade, de pele clara e olhos suaves e húmidos, e usava um bigode de pontas enérgicas e vigorosamente levantadas, a desmentir o lábio mole e pendente que por trás se ocultava. Hal era um rapazola de dezanove ou vinte anos, com um grande revólver Colt e uma faca de mato enfiados num cinturão aparatosamente inchado de cartuchos. O cinturão era nele, aliás, a coisa que mais dava nas vistas. Era o sinal da sua inexperiência — uma inexperiência pura e indizível. Ambos estavam ali manifestamente deslocados, e a razão por que homens como estes se aventuravam pelo Norte adentro faz parte do mistério das coisas que ultrapassa o entendimento.
Buck ouviu-os regatear, viu o dinheiro passar do homem para o agente do Governo, e logo percebeu que o mestiço escocês e os outros condutores do comboio-correio iam desaparecer da sua vida, na peugada de Perrault e François e de todos os outros antes deles. Quando, juntamente com os companheiros, o levaram para o acampamento dos novos donos, a Buck deparou-se-lhe um espectáculo de autêntico desmazelo e descuido: a tenda mal esticada, a louça por lavar e tudo em desordem; viu também uma mulher, Mercedes, como os homens lhe chamavam. Era a mulher de Charles e irmã de Hal — um encantador grupo familiar.
