— Não há dúvida de que percebes muito de cães! escarneceu o irmão. — Deixa-me mas é em paz. O que eles são é uns preguiçosos e só a chicote se conseguirá alguma coisa deles. É como te digo. Pergunta-o a quem quiseres. Olha, pergunta a um desses homens.
Mercedes voltou-se para eles em ar de súplica, com urna invencível repugnância pela visão da dor desenhada no rosto bonito.
— Se quer saber, o que eles estão é a cair de fracos — foi a resposta de um deles. — Estoirados de todo, e o resto é conversa. Um bom descanso é o que eles precisam.
— Para o raio com o descanso! — deixou Hal escapar dos lábios púberes; e Mercedes soltou um «Oh!» de consternação e dor ao ouvi-lo.
Mas ela era uma criatura gregária, e imediatamente correu em defesa do irmão.
— Não te rales com o que aquele homem diz — exclamou sem qualquer hesitação. — És tu quem guia os cães, por isso faz o que melhor entenderes.
De novo o chicote de Hal caiu sobre os cães. Estes arremessaram-se de encontro às correias, enterraram as paras na neve batida, inclinaram-se rentes a ela e puxaram com quanta força tinham. O trenó, no entanto, parecia pregado ao chão. Após duas tentativas, quedaram-se arquejantes. O chicote zimbrava sem dó nem piedade, quando Mercedes de novo interveio. Caiu de joelhos diante de Buck e, com os olhos rasos de lágrimas, lançou-lhe os braços em volta do pescoço.
— Coitadinhos, pobres criaturas! — dizia ela, chorando condoída. — Porque não puxam com força? Assim ninguém lhes batia.