O apelo da floresta - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 7 / 99

O homem sorriu de modo sinistro e foi buscar uma machada e um cacete.

—Não o vai tirar para fora agora, não?—perguntou-o o carroceiro.

—Vou, pois—respondeu o homem, dando, à experiência, uma machadada na jaula.

Imediatamente os quatro homens que a tinham carregado se dispersaram e, empoleirados no alto dos muros, se prepararam para assistir ao espectáculo.

Buck atirou-se as lascas de madeira e, fincando-lhes os dentes, rebolou com elas numa luta corpo a corpo. Onde quer que a machadada ressoasse pelo lado de fora, ai estava ele no interior, rosnando e ladrando, em ânsias tais por sair paralelos à decisão fria do homem da camisola vermelho em o obrigar a fazê-lo.

—Vamos, seu diabo de olhos vermelhos—disse ele, depois de ter aberto uma passagem suficiente para o corpo de Buck. Nessa altura largou a machada e passou o cacete para a mão direita.

E Buck surgiu, de favo, como um demónio de olhos vermelhos, quando, o pêlo eriçado, a boca espumante e um brilho de loucura no olhar estriado de sangue se preparava para saltar. Directamente sobre o homem, lançou os seus sessenta e cinco quilos, agravados pelo furor contido de dois dias e duas noites. Ainda no ar, e no momento preciso em que as suas mandíbulas se iam cravar no homem, levou uma pancada que lhe deteve o corpo e fez os dentes entrechocarem-se num estalido doloroso. Rodopiou sobre si mesmo e foi estatelar-se de costados no chão. Como nunca na sua vida fora agredido por um cacete, não percebeu o que aquilo era. Com um uivo, que mais parecia um grito, ergueu-se de novo e lançou-se pelo ar. E de novo a pancada veio e ele foi violentamente derrubado. Desta vez percebeu que se tratava do cacete, mas na sua loucura não conhecia a prudência. Uma dúzia de vezes carregou e outras tantas vezes o cacete se interpôs e o agrediu violentamente.





Os capítulos deste livro