O apelo da floresta - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 8 / 99

Depois de um golpe particularmente forte, pós-se de pé com certa dificuldade, estonteado de mais para tornar a investir. Sem forças, ficou a cambalear, o sangue escorrendo-lhe abundantemente do nariz, boca e ouvidos, e o bonito pêlo salpicado e manchado de baba ensanguentado. Nessa altura, o homem avançou para ele e, deliberadamente, aplicou-lhe um golpe terrível no focinho. Todas as dores que até então sofrera nada eram comparadas com a agonia intensa desta última. Com um rugido quase leonino na sua ferocidade, atirou-se de novo ao homem, mas este, passando o cacete da direita para a esquerda, apanhou-o serenamente por baixo das mandíbulas, impelindo-o simultaneamente para baixo e para trás. Buck descreveu no ar um circulo completo e metade de outro, estatelando-se depois de cabeça e peito contra o chão.

Ele arremeteu pela última vez. O homem aplicou-lhe o golpe fatal, que propositadamente reservara para o fim, e Buck sucumbiu, caindo redondo sem sentidos.

— Ele não é novato nenhum a domar cães, digo-vos eu — Aclamou, entusiasmado, um dos homens empoleirados no muro.

— Foge, mais valia ter bexigas todos os dias e duas vezes ao domingo — foi a resposta do carraceiro, enquanto subia para a carroça e punha os cavalos em andamento.

Buck recobrou os sentidos, mas não as forças. Prostrado onde caíra, pôs-se a fitar o homem da camisola vermelho.

— Dá pelo nome de Buck — disse o homem falando para consigo, enquanto citava uma passagem da carta do taberneiro em que vinha anunciada a consignação da jaula e o seu conteúdo.





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