O apelo da floresta - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 76 / 99

Nesse Inverno, em Dawson, Buck realizou outra façanha, não tão heróica, talvez, mas que bastou para aumentar ainda mais a sua fama em todo o Alasca. Esta façanha foi particularmente providencial para os três homens, pois eles bem precisados estavam do equipamento que ela lhes proporcionou, permitindo-lhes empreender a viagem há tanto tempo planeada em direcção ao Leste ainda virgem, onde mineiros nunca tinham penetrado. Tudo começara com uma conversa no Bar Eldorado, em que os homens se puseram a gabar os seus cães favoritos. Buck era, em virtude da sua fama, o mais criticado pelos homens, e Thornton viu-se levado a defendê-lo com veemência. Passada meia hora, um dos homens afirmou que 0 seu cão era capaz de arrancar e puxar um trenó com duzentos quilos de carga em cima; um segundo jactou-se de que o seu fazia exactamente o mesmo, mas com duzentos e cinquenta quilos de carga; e um terceiro, com trezentos.

— Ora, ora — disse John Thornton. — Buck é capaz de arrancar quinhentos quilos.

— Quê? Arrancá-lo e percorrer com ele cem metros? — perguntou Matthewson, um «rei» de Bonanza, aquele que alardeara os duzentos quilos.

— Sim, senhor — arrancá-lo e percorrer com ele cem metros — confirmou John Thornton com frieza.

— Pois bem — disse Mathewson pausada e deliberadarnente, para que todos o pudessem ouvir. — Aposto mil dólares em como ele o não consegue. Aqui estão eles. E, dizendo isto, atirou com um saco do tamanho de uma perna de presunto cheio de ouro em pó para cima do balcão.

Ninguém proferiu palavra. A fanfarronada de Thornton, se de fanfarronada se tratava, seria assim posta à prova. Sentiu uma onda de sangue quente subir-lhe ao rosto. A língua traíra-o. Não tinha nada a certeza de que Buck pudesse arrancar quinhentos quilos.





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