Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 3: III Pág. 110 / 273

É, como sabem, chamado o apóstolo das Índias. Percorreu o Oriente, de país em país, da África à Índia, da Índia ao Japão, baptizando os povos. Diz-se que chegou a baptizar dez mil idólatras num só mês. Conta-se que o seu braço direito ficou sem forças, de tantas vezes o ter erguido sobre as cabeças daqueles que baptizava. Desejou então ir para a China, para conquistar mais almas para Deus, mas morreu de febres na ilha de Sanciam. Um grande santo, São Francisco Xavier! Um grande soldado de Deus!

O reitor fez uma pausa e depois, agitando as mãos unidas à sua frente, prosseguiu:

- Possuía dentro de si a fé que move montanhas. Dez mil almas conquistadas para Deus num só mês! Um verdadeiro conquistador, fiel à divisa da nossa ordem: Ad majorem Dei gloriam!! Um santo que tem grande poder no céu, não se esqueçam: poder para interceder por nós nos momentos de aflição; poder para nos conceder o que lhe pedirmos em oração, se for para o bem das nossas almas; poder, acima de tudo, para nos conceder a graça do arrependimento quando pecamos. Um grande santo, São Francisco Xavierl Um grande pescador de almas!

Parou de agitar as mãos juntas e, encostando-as à testa, olhou para os seus ouvintes, à direita e à esquerda, com os seus olhos escuros e severos.

No meio do silêncio, o seu fogo sombrio iluminou friamente o crepúsculo. O coração de Stephen tinha murchado como uma flor do deserto que sente aproximar-se o simum.

- Lembrai-vos apenas dos momentos finais e não, nunca mais, pecareis - palavras tiradas, meus queridos irmãozinhos em Cristo, do Livro do Eclesiastes, capítulo sétimo, versículo quadragésimo. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.

Stephen estava sentado no primeiro banco da capela.





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