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Capítulo 3: III

Página 131
Personagens reais, favoritos, conspiradores, bispos, passaram como mudos fantasmas por trás do véu dos seus nomes. Todos tinham morrido: todos tinham sido julgados. De que serviria a um homem conquistar o mundo inteiro, se perdesse a sua alma? Finalmente, tinha compreendido: e a vida humana circundava-o, uma planície de paz onde os homens, semelhantes a formigas, trabalhavam em comunidade, com os seus mortos adormecidos nas campas silenciosas. O cotovelo do seu companheiro tocou-lhe e a sua alma foi tocada: e, quando falou, para responder a uma pergunta do professor, escutou a sua voz cheia da quietude da humildade e da contrição,

A sua alma mergulhava cada vez mais nas profundezas de uma paz contrita, incapaz de suportar por mais tempo o sofrimento do terror, e emitindo, à medida que ia sendo submersa, uma débil oração. Ah, sim, ele seria poupado por enquanto; ele arrepender-se-ia no seu íntimo e seria perdoado; e os que estavam lá em cima, no céu, veriam do que ele seria capaz para redimir o passado: uma boa vida, a todas as horas do dia. Haviam de ver.

- Todas, meu Deus! Todas, todas!

Apareceu à porta um mensageiro, para avisar que as confissões iam começar na capela, Quatro rapazes saíram da aula: e ouvia outros a passar no corredor. Um trémulo sopro arrepiou-lhe o coração, não mais forte do que uma leve brisa, mas, escutando e sofrendo silenciosamente, parecia-lhe ter encostado o ouvido ao músculo do seu próprio coração, senti-lo apertar-se e estremecer, escutar o palpitar dos seus ventrículos.

Não havia fuga possível. Tinha que confessar-se, que explicar por palavras o que tinha feito e pensado, pecado a pecado. Como? Como?

- Padre, eu...

O pensamento penetrou como uma espada fria e brilhante na sua carne tenra: confissão.

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pág. 131 (Capítulo 3)

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 131

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186