Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 1: I Pág. 15 / 273

Havia fantasmas de assassinos, as figuras de marechais mortalmente feridos em campos de batalha para além do mar. Que pretenderiam eles dizer, com as suas estranhas expressões?

Visitai, nós Vos rogamos, Senhor, esta casa e afastai dela...

Voltar para casa nas férias! Era maravilhoso, diziam os colegas.

Entrava-se nos carros que estavam parados à porta do castelo, muito cedo, numa manhã invernosa. Os carros rolavam sobre o saibro. Viva o reitor!

Viva! Viva! Viva!

Os carros passavam pela capela e todos tiravam os bonés. Seguiam alegremente pelas estradas rurais. Os cocheiros apontavam com os chicotes para Bodenstown. Os rapazes davam vivas. Passavam pela quinta do Alegre Agricultor. Vivas e mais vivas. Atravessavam Clane, dando vivas, por entre aclamações. As camponesas surgiam às portas, havia homens aqui e além. Pairava no ar invernal aquele cheiro agradável: a chuva, a ar frio e a turfa fumegante e a tecido de algodão.

O comboio estava cheio de rapazes: um comboio muito, muito longo, cor de chocolate com os bancos beges. Os empregados andavam de um lado para o outro, a abrir, a fechar, a travar e a destravar as portas. Eram homens com fardas azuis com enfeites prateados; tinham apitos prateados e as suas chaves produziam uma música rápida: dique, dique; dique, dique.

E o comboio rolava ao longo da planície, ultrapassando a colina de Allen. Os postes telegráficos passavam, passavam. E o comboio seguia sempre em frente, sem parar. Havia lanternas no vestíbulo da casa do seu pai e grinaldas de ramos verdes. Havia azevinho e hera em volta do espelho da sala e azevinho e hera, verdes e vermelhos, enrolados nos candelabros. E azevinho vermelho e hera verde em redor dos retratos antigos nas paredes. Azevinho e hera para ele e para o Natal.





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