Estava arrependido. Juntou as mãos e ergueu-as para a forma branca, orando com os seus olhos obscurecidos, orando com todo o seu corpo trémulo, agitando a cabeça de um lado para o outro como uma criatura perdida, orando com os seus lábios chorosos.
- Perdão! Perdão! Oh, perdão!
A porta foi aberta e o coração deu um salto no seu peito. Viu o rosto de um padre idoso por trás da grade, de lado, apoiado numa mão. Fez o sinal da cruz e rogou ao padre que lhe perdoasse porque tinha pecado. Depois, inclinando a cabeça, repetiu o Confiteor, apavorado. Ao dizer as palavras minha máxima culpa, deteve-se, arquejante.
- Há quanto tempo não se confessa, meu filho?
- Há muito tempo, padre.
- Um mês, meu filho?
- Mais tempo, padre.
- Três meses, meu filho?
- Mais tempo ainda, padre.
- Seis meses?
- Oito meses, padre.
Tinha principiado. O padre perguntou:
- De que se recorda, desde essa altura?
Principiou a confessar os seus pecados: missas a que faltara, orações não rezadas, mentiras.
- Mais alguma coisa, meu filho?
- Pecados de ira, inveja, gula, vaidade, desobediência.
- Mais alguma coisa, meu filho?
Não havia fuga possível. Murmurou:
- Eu... cometi pecados de impureza, padre.
O padre não voltou a cabeça.
- Consigo mesmo, meu filho?
- E... com outrem.
- Com mulheres, meu filho?
- Sim, padre.
- Eram mulheres casadas, meu filho?
Não sabia. Os pecados escorreram-lhe dos lábios, um a um, escoando-se em vergonhosas gotas da sua alma, supurando e ressumando como uma pústula, numa sórdida corrente de vício. Os últimos pecados escorreram, arrastados, repugnantes. Nada mais tinha a contar. Inclinou a cabeça, exausto.
O padre ficou em silêncio. Depois inquiriu:
- Que idade tem, meu filho?
- Dezasseis anos, padre.