O sacerdote passou a mão diversas vezes pelo rosto. Depois, apoiando a testa na mão, inclinou-se um pouco para o gradeamento e, sempre sem o olhar, começou a falar lentamente. A sua voz soava fatigada e velha.
- É ainda muito jovem, meu filho - disse ele -, e devo implorar-lhe que abandone esse pecado. É um pecado terrível. Destrói o corpo e a alma. É a causa de muitos crimes e muitos infortúnios. Abandone-o, meu filho, pelo amor de Deus. É vergonhoso e degradante. Nunca sabe aonde esse desgraçado hábito pode levar nem quando ele se voltará contra si. Enquanto cometer esse pecado, não valerá nada para Deus. Rogue a nossa mãe, a Virgem Maria, para que o ajude. Ela ajudá-lo-á, meu filho. Reze a Nossa Senhora Bem-Aventurada quando esse pecado lhe vier à cabeça. Tenho a certeza de que o fará, não é assim? Está arrependido de todos esses pecados. Tenho a certeza de que está. E vai prometer a Deus, agora mesmo, que, com a Sua santa graça, nunca mais voltará a ofendê-la através desse grave pecado. Vai fazer essa solene promessa a Deus, não vai?
- Sim, padre.
A voz idosa e fatigada caía como uma doce chuva sobre o coração trémulo e sedento de Stephen. Como era doce e triste!
- Faça isso, meu pobre filho. O Demónio transviou-o. Expulse-o para o Inferno, sempre que ele tentar aviltar o seu corpo dessa forma esse espírito abjecto que odeia Nosso Senhor. Prometa agora mesmo a Deus que abandonará esse pecado, esse pecado extremamente horrível.
Cego pelas lágrimas e pela luz da misericórdia divina, Stephen inclinou a cabeça e escutou as graves palavras de absolvição e viu a mão do padre erguer-se sobre ele, em sinal de perdão.
- Deus o abençoe, meu filho. Reze por mim.
Ajoelhou-se para rezar a sua penitência, a um canto da nave escura; e as suas orações ascendiam ao Céu, elevando-se do seu coração purificado como o perfume que se eleva do centro de uma rosa branca.
