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Capítulo 4: IV

Página 174
Sorriu ao pensar que seria aquela desordem, a desorientação e a confusão da casa do seu pai e a estagnação da vida vegetal que dominariam a sua alma, naquele dia. Depois soltou uma breve risada ao lembrar-se daquele hortelão solitário que trabalhava por trás da sua casa, que haviam alcunhado de homem do chapéu. Uma segunda gargalhada, sobrepondo-se à outra, após uma pausa, irrompeu involuntariamente dos seus lábios ao pensar como o homem do chapéu trabalhava, fitando os quatro pontos cardiais, um a um, e depois enterrando penosamente a pá na terra.

Empurrou a porta sem fecho do alpendre e atravessou o corredor deserto até à cozinha. O grupo dos seus irmãos e irmãs encontrava-se sentado em volta da mesa. O lanche tinha quase terminado e apenas a segunda dose de chá aguado permanecia no fundo dos pequenos boiões de vidro para compota que serviam de chávenas. As crostas e os pedaços de pão doce, acastanhados pelo chá que havia sido derramado sobre eles, encontravam-se espalhados sobre a mesa. Aqui e além havia pequenas poças de chá sobre a madeira, e uma faca com o cabo de marfim quebrado estava espetada no meio de uma empada já esvaziada.

A claridade azul-acinzentada, triste e calma, do dia que morria entrava pela janela e pela porta aberta, envolvendo o coração de Stephen e mitigando suavemente um súbito instinto de remorsos. Tudo o que lhes fora negado tinha-lhe sido livremente concedido a ele, o mais velho; mas a luz tranquila da tarde não lhe revelava, nos rostos deles, qualquer sinal de rancor.

Sentou-se junto deles, à mesa, e perguntou onde estavam os pais. Um deles respondeu:

- Foporampam propocupurarpar oupoutrapa capasapa. Outra mudança! Um rapaz chamado Fallon, do Belvedere, costumava perguntar-lhe, com um riso tolo, por que mudava tantas vezes de casa.

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Capa do livro Retrato do Artista Quando Jovem
Páginas: 273
Página atual: 174

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 57
III 103
IV 156
V 186