Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 4: IV Pág. 176 / 273

Tinha-se passado uma hora desde que o seu pai entrara com Dan Crosby, o seu orientador de estudos, para pedir informações sobre a sua admissão na faculdade. Durante uma outra tinha andado de um lado para o outro, à espera; mas não podia esperar mais.

Dirigiu-se abruptamente para o Bull, avançando rapidamente antes que o assobio agudo do pai o chamasse, fazendo-o voltar; e, momentos depois, tinha dado a curva junto à esquadra da Polícia e estava a salvo.

Sim, a mãe era contra a ideia, como tinha depreendido do seu silêncio apático. Todavia, a desconfiança dela espicaçara-o mais do que o orgulho do pai, e pensou friamente como vira a fé, que ia morrendo na sua alma, crescer e fortalecer-se nos olhos dela. Um vago antagonismo ganhou forças dentro dele e ensombrou a sua mente, como uma nuvem contra a deslealdade dela, mas desaparecera também, como as nuvens passam, deixando de novo a sua mente serena e respeitosa em relação a ela; apercebera-se vagamente e sem tristeza de uma primeira ruptura silenciosa entre as suas vidas.

A universidade! Tinha finalmente escapado à voz de alerta das sentinelas que guardavam a sua adolescência e haviam procurado conservá-lo entre elas, para que se lhes sujeitasse e servisse os seus fins. Depois da satisfação viera o orgulho, invadindo-o em longas e lentas ondas. O destino para que nascera mas ainda desconhecia tinha-o levado a fugir por um caminho invisível e agora acenava-lhe, uma vez mais, e abria-se para ele uma nova aventura. Parecia-lhe escutar as notas de uma música caprichosa, subindo um tom e descendo uma quarta diminuta, depois subindo um tom e descendo uma terça maior, como chamas tríplices a subir, caprichosamente, chama após chama, de um bosque à meia-noite. Era um prelúdio feérico, infindável e informe; e, à medida que se tornava mais arrebatado e mais rápido, teve a sensação de escutar, sob os ramos e as ervas, criaturas selvagens que corriam, e o ruído dos seus pés, macio como a chuva sobre as folhas.