Porque não haviam de ser as mãos de Cranly? A simplicidade e a inocência de Davin tê-lo-iam influenciado de forma mais secreta?
Continuou a percorrer o vestíbulo ao lado de Dixon, deixando Cranly a despedir-se com certa dificuldade do anão.
Debaixo da arcada, depararam com Temple, no meio de um pequeno grupo de estudantes.
Um deles exclamou:
- Dixon, aproxima-te e vem ouvir. O Temple está em grande forma.
Temple voltou para ele os seus olhos escuros de cigano.
- És um hipócrita, O'Keeffe - disse ele. - E o Dixon é um mofador. Pelo Inferno, gosto desse nome. Um mofador.
Um estudante corpulento que estava um pouco mais abaixo, nas escadas, disse:
- Continua a história da amante, Temple. Queremos ouvi-la.
- Ele tinha uma, podes crer - disse Temple. - E era um homem casado. E todos os padres ceavam lá em casa. Pelo Inferno, penso que todos tiveram a sua parte.
- Chama-se a isso montar um sendeiro para poupar o cavalo de caça - disse Dixon.
- Diz-nos lá, Temple - pediu O'Keeffe -, quantos litros de cerveja já meteste no bucho?
- Revelas toda a rua alma intelectual nessa frase, O'Keeffe - disse Temple, com nítido desprezo.
Moveu-se por entre o grupo com um andar arrastado e foi falar com Stephen.
- Sabias que os Forster são os reis da Bélgica? - perguntou. Cranly que apareceu à porta de saída do vestíbulo, com o chapéu atirado para a nuca e a palitar cuidadosamente os dentes.
- Ali vem o sabichão - disse Temple. - Sabes alguma coisa dos Forster?
Calou-se, à espera de resposta. Cranly extraiu uma semente de figo que tinha entre os dentes, com o seu grosseiro palito, e ficou a olhar atentamente para ela.
- A família Forster - disse Temple - descende do Balduíno r, rei de Flandres.