Como poderia atingir a consciência deles ou projectar a sua sombra sobre a imaginação das suas filhas, antes que os seus fidalgos rurais as fecundassem, de modo que elas gerassem uma raça menos ignóbil do que a sua? E, a coberto do crepúsculo que caía, imaginou os pensamentos e desejos da raça a que pertencia a esvoaçarem como morcegos pelas escuras ruelas rurais, por debaixo das árvores à beira dos regatos e junto dos pântanos pontilhados de poças. Uma mulher tinha aguardado, à porta, quando Davin passara de noite e, oferecendo-lhe uma caneca de leite, por pouco não o convidara a ir para a cama com ela; porque Davin tinha o olhar suave de quem guarda segredos. Mas a ele, mulher alguma o cortejara.
O seu braço foi fortemente agarrado e a voz de Cranly disse:
- Vamo-nos embora daqui.
Caminharam em silêncio, em direcção à zona sul. Então ranly disse:
- Que grande idiota é aquele Temple! Juro por Moisés que, um dia, ainda dou cabo daquele fulano.
Mas já não havia ira na sua voz e Stephen perguntou a si mesmo se ele estaria a pensar no cumprimento dela, por debaixo do pórtico.
Voltaram à esquerda e continuaram a caminhar. Ao fim de algum tempo, Stephen disse:
- Cranly, tive uma discussão muito desagradável, esta tarde.
- Com a tua família? - perguntou Cranly.
- Com a minha mãe.
- Sobre religião?
- Sim - respondeu Stephen.
Após uma pausa, Cranly perguntou:
- Que idade tem a tua mãe?
- Não é velha - disse Stephen, - Ela quer que eu cumpra os deveres pascais.
- E vais cumpri-los?
- Não - disse Stephen.
- Porque não? - perguntou Cranly.
- Não servirei - respondeu Stephen.
- Já alguém fez essa observação antes de ti - disse Cranly, calmamente.
- Já está feita - declarou Stephen com veemência.