Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 5: V Pág. 270 / 273

Uma mãe deixa cair o filho ao Nilo. Ainda agarrado à história da mãe. Um crocodilo abocanha a criança. A mãe pede-lhe que lha devolva. O crocodilo diz que está bem desde que ela lhe diga o que ele ia fazer com a criança, comê-la ou não.

Esta mentalidade, diria Lépido, é produzida pela vossa lama por acção do vosso sol.

E a minha? Não o será também? Para a lama do Nilo com ela, nesse caso!

1 de Abril. Discordo desta última frase.

2 de Abril Vi-a a tomar chá e a comer bolos no Johnston, Mooney e O'Brien, Ou antes, foi Lynch, com os seus olhos de lince, que a viu, ao passarmos. Disse-me que Cranly tinha sido convidado a lá ir pelo irmão. Teria levado o seu crocodilo? Será ele a luz que agora brilha? Bom, eu é que o descobri. Afirmo que o descobri. Brilhava modestamente por trás dos seus farelos Wicklow.

3 de Abril Encontrei Davin na tabacaria em frente da igreja de Findlater. Trazia uma camisola preta e um stick de hurling. Perguntou-me se era verdade que eu me ia embora e porquê. Disse-lhe que o caminho mais curto para Tara era via Holyhead. Nessa altura, entrou o meu pai. Apresentações. Pai cortês e observador. Perguntou a Davin se gostaria de tomar uma bebida. Davin não podia, ia a jogar uma partida. Quando regressámos, o meu pai disse que ele tinha um olhar honesto e bondoso. Perguntou-me por que motivo não me inscrevia num clube de remo. Fingi que ia pensar no assunto. Contou-me então como derrotara Pennyfeather, Quer que eu estude Direito. Diz que fui talhado para isso. Mais lama, mais crocodilos.

5 de Abril. Primavera instável. Nuvens em rápida correria.

Oh, vida! Escura corrente de águas pantanosas e redemoinhantes, na qual as macieiras deixaram cair as suas delicadas flores.