Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 1: I Pág. 40 / 273

Além disso, o Gleeson não vai açoitá-los com muita força.

- Será melhor para ele não o fazer - disse Fleming.

- Eu não queria estar na pele do Simon Moonan e do Colmilhos - disse Cecil Thunder. - Mas não creio que eles sejam açoitados. Talvez levem nove palmatoadas em cada mão.

- Não, não - disse Athy. - Vão levá-las no ponto vital.

Wells esfregou-se e disse, com voz chorosa:

- Por favor, senhor, deixe-me ir embora!

Athy sorriu e, arregaçando as mangas do casaco, disse:

Nem penses nisso;
Tem de ser feito.
Baixa já essas calças


E mostra esse traseiro.

Os rapazes riram-se; mas Stephen sentiu que estavam um pouco receosos. No silêncio do ar suave e cinzento, escutou os bastões de críquete, aqui e além: poque. Era um som que lhe agradava ouvir, mas, se fosse atingido, sentiria uma dor forte. A palmatória também produzia um ruído, mas era diferente daquele. Os rapazes diziam que era feita de osso de baleia e couro, com chumbo lá dentro: perguntou a si mesmo como seria a dor que se sentia. Havia diferentes tipos de sons. Uma bengala longa e fina produzia um silvo forte e ele pensou como seria a dor que provocava. Sentia-se arrepiado só de pensar nisso; e no que Athy tinha dito, também. Mas o que haveria naquela história que fizesse rir? Estava arrepiado; mas isso era porque sempre se sentia frio quando se baixavam as calças. Era a mesma coisa, ao tomar banho, quando se despia. Começou a pensar em quem as baixaria: o mestre ou o próprio aluno? Oh, como podiam eles rir-se de uma coisa daquelas?

Olhou para as mangas arregaçadas de Athy e para as suas mãos ossudas e sujas de tinta. Tinha arregaçado as mangas só para mostrar como Mr. Gleeson arregaçaria as suas. Mas Mr.





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