Naquela noite, em Dalkey, o comboio tinha rugido daquela forma e depois, ao entrar no túnel, o rugido tinha cessado. Fechou os olhos e o comboio prosseguiu a sua marcha, ora rugindo ora calando-se; ora rugindo novamente, ora calando-se. Era agradável ouvi-lo rugir e calar-se e depois sair de novo do túnel, trovejante, e calar-se de novo.
Nessa altura, os rapazes da divisão dos mais velhos começaram a avançar pela passadeira ao meio do refeitório, o Paddy Rath e o Jimmy Magee e o espanhol, que tinha permissão para fumar charutos, e o pequeno português que usava um gorro de lã. E depois encheram-se as mesas da secção inferior e as da terceira secção. E cada rapaz tinha uma maneira diferente de caminhar.
Sentou-se a um canto da sala de recreio, fingindo observar uma partida de dominó e, de vez em quando, conseguia ouvir, por uns momentos, a pequena canção do gás. O prefeito estava junto da porta, com alguns rapazes, e Simon Moonan deu-lhe um nó nas mangas sobressalentes. Ele estava a falar-lhes de Tullabeg.
Depois, afastou-se da porta e Wells aproximou-se de Stephen e perguntou-lhe:
- Diz-me uma coisa, Dedalus, costumas dar um beijo à tua mãe antes de ires para a cama?
Stephen respondeu:
- Costumo, sim.
Wells voltou-se para os outros rapazes e disse:
- Escutem todos, temos aqui um colega que diz que beija a mãe todas as noites antes de se deitar.
Os outros rapazes pararam de jogar e voltaram-se para ele, rindo. Stephen corou sob os seus olhares e declarou:
- Não beijo nada.
Wells disse então:
- Escutem, temos aqui um colega que não beija a mãe antes de se deitar.
Os rapazes riram-se de novo. Stephen esforçou-se por rir com eles. Subitamente, sentiu-se cheio de calor e perturbado. Qual seria a resposta certa àquela pergunta? Tinha dado duas e Wells rira-se dele na mesma.