A lama fria do fosso tinha-lhe coberto o corpo inteiro; e, quando a sineta tocou para o estudo e os rapazes formaram fileiras para sair do recreio, sentiu dentro das roupas o ar frio do corredor e das escadas. Continuava a tentar imaginar qual seria a resposta certa.
Dever-se-ia beijar a mãe ou não beijar a mãe? Que significado tinha isso, beijar?
Erguia-se o rosto para desejar uma boa noite e a mãe baixava o seu rosto. Era isso beijar. A mãe pousava os lábios na sua face; os seus lábios eram macios e molhavam-lhe a face; e produziam um pequeno ruído: o beijo. Por que motivo as pessoas faziam isso com os seus rostos?
Sentado na sala de estudo, levantou a tampa da carteira e alterou o número colado no interior, de setenta e sete para setenta e seis. Mas as férias de Natal ainda estavam longe; no entanto, algum dia haveriam de chegar, porque a Terra não parava de girar.
Havia um desenho da Terra na primeira página do livro de geografia: uma grande esfera no meio das nuvens. O Fleming tinha uma caixa de lápis de cor e, certa noite, durante o tempo livre de estudo, tinha colorido a Terra de verde e as nuvens de um castanho-avermelhado.