- Tenho dois netos incríveis em Sunday's Well. Ora essa! Que idade pensas tu que eu tenho? Recordo-me de ver o teu avô, de casaca vermelha, a cavalo, no meio dos cães. Foi antes de tu nasceres.
- Isso é o que julga - disse Mr. Dedalus.
- Palavra que vi - repetiu o velhote pequeno. - E, mais do que isso, ainda me lembro do teu bisavô, o velho John Stephen Dedalus, que era um homem dos diabos. Ora essa! Isto é que é ter boa memória.
- Isso já são três gerações, quatro gerações - disse outro membro do grupo. - Johnny Cashman, já deve ter perto de um século.
- Bom, para lhe dizer a verdade - declarou o velhote pequeno - tenho vinte e sete anos de idade.
- Nós temos a idade com que nos sentimos, Johnny - disse Mr. Dedalus. - Acabem as bebidas, para pedirmos mais. Vem cá, Tim ou Tom ou lá como te chamas, e traz-nos outra dose. Por Deus- eu não me sinto com mais de dezoito anos. Este meu filho não tem nem metade da minha idade, e eu estou em melhor forma do que ele, seja qual for o dia da semana.
- Vê se te acalmas agora, Dedalus. Acho que já é tempo de passares à reserva - disse o cavalheiro que falara antes.
- Não, por Deus! - afirmou Mr. Dedalus. - Canto melhor do que ele, em tom de tenor, ou salto melhor que ele um portão de cinco barras, ou corro com ele atrás dos cães, pelos campos, como fazia há trinta anos com o Kerry Boy, e ganhava sempre.
- Mas ele bate-te aqui - disse o velhote pequeno, batendo na testa e erguendo o copo, que esvaziou.
- Bom, espero que seja tão bom como o pai. E tudo quanto posso dizer - declarou Mr. Dedalus.
- Se for, já não é mau - disse o velhote pequeno.
- E demos graças a Deus, Johnny - disse Mr. Dedalus -, por termos vivido tanto tempo sem fazer mal a ninguém.
- E feito até muito bem, Simon - disse, gravemente, o velhote pequeno.
