Essa inestimável amiga era muito moça e estava casada há muito pouco tempo. Era alegre e animada como Lydia. E essa semelhança as tornara muito íntimas depois de três meses de relações.
O êxtase de Lydia, a sua adoração por Mrs. Forster, a alegria de Mrs. Bennet e a mortificação de Kitty, são impossíveis de descrever. Inteiramente indiferente aos sentimentos da irmã, Lydia corria pela casa, numa felicidade inextinguível, exigindo que todos lhe dessem parabéns, rindo e falando com mais violência do que nunca; enquanto isto, a infeliz Kitty permanecia na sala, lamentando o seu destino em termos despropositados, numa voz ressentida:
- Não compreendo por que Mrs. Forster não me convidou também - disse ela. - Embora eu não seja a sua amiga particular, tenho tanto direito a ser convidada quanto Lydia. Mais até, pois sou dois anos mais velha.
Elizabeth procurou em vão lhe incutir sentimentos mais sensatos e Jane maior resignação. Quanto a Elizabeth, esse convite estava longe de lhe produzir os mesmos sentimentos que em sua mãe e em Lydia, pois ela o considerava como uma espécie de sentença de morte para todas as possibilidades de sua irmã vir um dia a ter bom senso. E não pôde deixar de aconselhar secretamente ao pai que não deixasse Lydia ir, apesar da repugnância que lhe inspirava tal empreendimento. Descreveu-lhe todas as impropriedades da conduta de Lydia e as poucas vantagens que lhe poderiam advir da intimidade com uma mulher como Mrs. Forster, e a probabilidade de que Lydia se tornasse ainda mais imprudente em companhia de tal pessoa e num lugar onde as tentações seriam maiores do que em casa. Ele a ouviu atentamente, e respondeu:
- Lydia nunca ficará tranquila enquanto não lhe acontecer alguma. E nunca encontrará melhor ocasião de fazer uma tolice do que a atual, sem dar despesas e trabalho à família.