Orgulho e Preconceito - Cap. 43: Capítulo XLIII Pág. 269 / 414

Ela enrubesceu várias vezes ao recordar a perversidade daquele acaso. E que poderia significar aquela alteração que vira nos seus modos? Era espantoso que ele lhe tivesse dirigido-a palavra. Mas falar com tanta amabilidade e perguntar pela sua família! Nunca, na sua vida, Elizabeth lhe vira maneiras tão cordiais e tão pouco cerimoniosas. Nunca ele lhe falara com tanta doçura quanto durante aquele encontro inesperado. Que diferença daquela ocasião em que se dirigira a ela em Rosings Park, a fim de lhe entregar a carta. Ela não sabia o que pensar, nem como explicar aquilo.

Tinham agora penetrado num belo caminho que acompanhava as margens do riacho e cada passo que davam aproximavam-se de uma das mais belas partes do bosque. Mas só algum tempo depois é que Elizabeth começou a notar o que a cercava, e, embora respondesse mecanicamente aos repetidos apelos dos tios para que contemplasse os aspectos que lhe apontavam, não distinguia perfeitamente nenhum detalhe da paisagem. Seus pensamentos se voltavam para a casa de Pemberley e procuravam adivinhar o lugar em que Mr. Darcy agora se encontrava. Ansiava por saber o que lhe passava pela mente naquele momento, de que maneira pensava nela, e se apesar de tudo ainda lhe era cara. Talvez ele tivesse se mostrado tão amável porque se sentisse indiferente. No entanto, na sua voz, não havia trans-parecido aquela tranquilidade. Elizabeth não sabia se ele sentira aborrecimento ou prazer ao vê-la. Mas, certamente, não permanecera indiferente. Afinal, as observações dos companheiros sobre a sua distração

fizeram-na voltar a si e com isto lhe ocorreu a ideia de que era necessário se mostrar mais natural.

Penetraram no bosque e, dizendo adeus ao riacho por algum tempo, subiram para uma região mais elevada; e aí, através de clareiras ocasionais, descobriram encantadoras vistas do vale, das colinas do outro lado, recobertas de extensos bosques e ocasionalmente do riacho.





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