Orgulho e Preconceito - Cap. 10: Capítulo X Pág. 54 / 414

Darcy, aproximando-se de Elizabeth, disse-lhe:

- A senhora não se sente inclinada a aproveitar esta oportunidade para dançar? - perguntou ele.

Ela sorriu, porém não disse nada. Ele repetiu a pergunta, um pouco espantado com o silêncio dela.

- Oh - disse Elizabeth -, ouvi o que perguntou antes, mas não pude determinar imediatamente o que deveria responder. O senhor queria que eu o fizesse afirmativamente para ter o prazer de desprezar as minhas preferências; mas eu sempre gosto de perturbar esses estratagemas e roubar às pessoas o lance que premeditam. Resolvi portanto responder-lhe que não desejo absolutamente dançar; e agora despreze-me, se ousar.

- Asseguro-lhe que não ouso.

Elizabeth, que tencionava ofendê-lo, ficou espantada com a amabilidade. Mas havia no tom dela um misto de doçura e de malícia que dificilmente ofenderia alguém. E Darcy nunca se sentira tão fascinado por uma mulher como estava por aquela. Acreditava realmente que, não fosse a inferioridade das relações de Elizabeth, ele se encontraria realmente em perigo.

Miss Bingley viu, ou suspeitou o bastante para se enciumar, e a sua grande ansiedade pelo restabelecimento da querida amiga Jane crescia com o desejo de se ver livre de Elizabeth. Tentava frequentemente provocar a antipatia de Darcy pela hóspede, falando no seu suposto casamento e planejando a felicidade que Darcy encontraria numa tal aliança.

- Espero - disse ela, enquanto passeavam juntos no dia seguinte pelo pequeno bosque -, espero que dê a entender à sua sogra, quando tiver lugar este desejável acontecimento, a vantagem de ser menos tagarela; e se o puder, também, cure as meninas mais moças da mania de perseguir os

oficiais. E, se me permite abordar um assunto tão delicado, procure reprimir aquele pequeno toque de pretensão e impertinência que a sua dama possui.





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