A sua conduta para comigo foi sempre escandalosa, mas creio realmente que lhe perdoaria tudo, contanto que ele não desmerecesse a memória do pai.
Elizabeth sentiu crescer o interesse e o ouvia com toda a atenção, mas a delicadeza do assunto impedia maiores investigações. Mr. Wickham abordou outros temas de natureza menos especial: Meryton, as pessoas da redondeza, a sociedade, e pareceu muito satisfeito com tudo o que tinha visto, referindo-se especialmente a esta última com muita amabilidade.
- O que mais me induziu a aceitar o posto no regimento - disse ele - foi a perspectiva da agradável sociedade que encontraria aqui. Sabia que era um dos regimentos mais respeitáveis, e meu amigo Denny me convenceu ainda mais, com a descrição que fez da sociedade de Meryton, das grandes atenções que tinha recebido e das excelentes relações que fizera. Confesso que a sociedade me é necessária. Sofri certos desenganos e não suporto a solidão. Preciso de uma ocupação e de uma companhia. A vida militar não é aquela para a qual me sinto feito. Mas as circunstâncias a tornaram desejável no momento. Minha carreira devia ter sido o clero. Fui educado para entrar na Igreja e neste momento eu estaria de posse de uma posição importante, se aquele cavalheiro de que falávamos o tivesse desejado.
- Sim?
- Sim. O falecido Mr. Darcy tinha me prometido a melhor paróquia que primeiro vagasse nos seus domínios. Era meu padrinho e me dedicava grande afeição. Nunca poderia pagar o que lhe devo. Ele tencionava velar sobre o meu futuro e pensou que o tivesse feito. Mas quando o lugar vagou, foi dado a outra pessoa.
- Que horror! - exclamou Elizabeth. - Como pôde ele desrespeitar a vontade do pai? Por que é que o senhor não procurou uma reparação legal?
- Os termos da doação eram apenas verbais.