Não havia fundamento para uma ação legal. Um homem de honra não hesitaria em cumprir as disposições paternas, mas Mr. Darcy preferiu duvidar de que estas disposições existissem ou tratá-las como simples recomendações e afirmou que eu tinha perdido todo o direito ao lugar que pleiteava pela minha extravagância e pela minha imprudência. O certo é que o lugar ficou vago há dois anos, no momento exato em que eu atingia a idade exigida para ocupá-lo. E creio que foi dado a outra pessoa; e não é menos certo que eu nada tenha feito para desmerecê-lo. Tenho um génio franco e impulsivo e talvez manifestasse com demasiada liberdade aos outros e ao próprio Mr. Darcy a opinião que tenho dele. Não me lembro de ter feito nada mais grave. Mas o fato é que somos homens de feitio muito diferente e que ele me odeia.
- Isto é revoltante. Ele merece ser publicamente condenado.
- Mais cedo ou mais tarde o será, mas não por meu intermédio. Enquanto a memória do pai dele viver em mim, não o denunciarei, nem mesmo o provocarei.
- Mas qual pode ser o motivo que o levou a proceder tão cruelmente? - disse Elizabeth, depois de uma pausa.
- A furiosa antipatia que tem por mim, uma antipatia que não posso deixar de atribuir em parte à inveja. Se o falecido Mr. Darcy tivesse gostado menos de mim, o filho talvez me suportasse melhor. Mas a extraordinária afeição que o pai manifestava por mim irritava-o quando ainda era muito criança. Com o feitio que tem, não podia tolerar a competição em que nos defrontávamos e a preferência que frequentemente me era dada.
- Eu não supunha que Mr. Darcy fosse tão ruim assim, embora nunca me tenha sentido atraída por ele. Pensava que ele desprezasse os seus semelhantes em geral, mas não suspeitava que fosse capaz de tomar uma vingança tão baixa e se mostrar tão injusto e tão desumano.