Sentia curiosidade em saber como aquele príncipe, a cujos domínios nenhum outro país tinha acesso, conseguiu pensar em exércitos ou ensinar às suas gentes a prática da disciplina militar. Mas depressa percebi a razão, quer através de conversas, como lendo os seus livros de história. No decurso de muitos anos aquela gente padecera da mesma doença que afectara toda a espécie humana: a nobreza em luta pelo poder, o povo pela liberdade e o rei pelo poder absoluto. Estes estados, embora felizmente equilibrados pelas leis daquele reino, estiveram na origem de contendas ocasionais entre os três partidos que, por mais de uma vez, tinham degenerado em guerras civis, a última das quais terminara, afortunadamente, graças à intervenção do avô deste príncipe, através de uma solução de compromisso. E a milícia que se criou então por consenso geral mantivera-se, desde essa altura, atida ao mais estrito espírito de disciplina.